Panamericano de xadrez- Argentina - Parte II

Abertura Como muitas delegações não conseguiram chegar em tempo à Villa Carlos Paz, os organizadores transferiram a abertura prevista para o dia 30 de junho, domingo, para o dia 01 de julho, segunda- feira. Essa modificação fez com que se atrasasse o campeonato em um dia, e uma partida teve que ser transferida para o dia seguinte. Assim, tivemos que jogar duas rodadas por dia durante os 4 dias de jogos. Foi muito cansativo, pois, não dava tempo para descansar e nem para se preparar para as próximas partidas. Foi mais um obstáculo que tivemos que enfrentar! Primeira Rodada (09:00h - 01/07 - Ter ) Na primeira rodada enfrentei a americana, de descendência chinesa, Ellen Xiang, numa duríssima partida, como era de se esperar em um Panamericano. Joguei de brancas e contava, é claro, com a tensão de ser a primeira partida do campeonato, além de todo cansaço dos dois dias de viagem. Não fui bem e acabei perdendo. Ellen Xiang, ficou ao final do festival em quarto lugar. Segunda Rodada (17:00h - 01/07 - Ter ) Nessa rodada joguei com a brasileira Angela Akemi Sekiya, pelo nome vocês já presumem que é de descendência japonesa. Eu estava mais tranquila e segura, pois, prefiro jogar com as peças pretas. Fui bem na partida e, ao final de 2 horas e meia de reflexão, venci minha primeira rodada no Pan. É claro que teria sido melhor jogar com uma atleta de outra nacionalidade, mas joguei duas rodadas com brasileiras, das cinco que jogavam em minha categoria. Terceira Rodada ( 09:00h - 02/07 - Qua) Dia difícil. Passei a noite anterior com dores, vômitos e febre. Diagnostico médico: Infecção Intestinal, em razão da alimentação, aliás, a grande vilã do torneio. É comum estranharmos a culinária dos outros países, mas aqui, na Argentina, foi demais. Nosso café da manhã não tinha fruta e se resumia em café com leite e "medialuna", como dizem eles, o que conhecemos como croassant. Outros 10 brasileiros também passaram mal, entre jogadores e acompanhantes, mas eu fui um dos casos mais graves. Minha mãe teve que chamar um médico. Fiquei o dia todo com a medicação, duas "sopinhas" e Gatorade para reposição de minerais. Joguei com a argentina, e "dona da casa", Stella Spizzirri. Minha mãe havia me aconselhado não jogar, pois, não havia dormido e estava muito frágil. Mesmo assim, joguei, superando as dificuldades e, ainda, ganhei a partida. Após o lance 11 das negras, sendo ele, ainda, uma perda de tempo, ganhei um peão. Depois mantive um ataque forte na ala do rei e por um golpe tático dei um duplo de rei e torre. Ela abandonou a partida, mas já estava tecnicamente perdida. Depois da partida fui descansar , tentando me recuperar para a próxima rodada. Minha alimentação novamente foi sopa e muita água. Quarta Rodada ( 17:00h - 02/07 - Qua) Ainda estava um pouco abatida e sob efeito dos remédios que havia tomado durante o dia. Minha próxima adversária foi novamente uma brasileira, a paulista Angélica Tidori Takiguchi, atual vice-campeã brasileira. Jogamos na mesa 8. Eu de pretas e ela da brancas. Consegui ganhar e fiz meu terceiro ponto no campeonato. A partida entrou na defesa Ordotoxa, mas consegui manter vantagem até o final e saindo vencedora. Quinta Rodada ( 09:00h - 03/07 - Qui) Agora, na mesa 3, enfrentaria a favorita, a colombiana e Woman Mestre Fide (WMF), Paula Rodriguez, que também estava com 3 pontos. Joguei de brancas. Errei na abertura, depois, consegui recuperar por um tempo. Depois de pendurar uma peça, vi que não iria reverter o jogo, no lance 61 levei um mate. Fiquei chateada e triste, pois sabia que o título já estava perdido. Agora era lutar por uma boa colocação. A WMF Paula Rodiguez foi a campeã, ao final do campeonato fazendo 8 pontos. Sexta Rodada ( 17:00h - 03/07 - Qui )

Tentei me recuperar, mas o fato de ter perdido pela manhã me deixou desconcentrada me levando a mais uma derrota, agora, para a peruana Vilma Moreno Gongora. Mesmo jogando de pretas, não consegui superar o forte ataque e abandonei no lance 61.

Um dia difícil dentro e fora do tabuleiro.

Sétima Rodada ( 09:00h - 04/07 - Sex) Desci uma mesa para enfrentar a colombiana Manuela Renteria, que havia perdido para a peruana Vanessa Sanchez Zambrano. Joguei melhor e consegui vencer. Agora faltavam apenas duas rodadas. Já estava cansada e o meu desgaste físico tinha sido grande, primeiro por ter me recuperado da infecção, depois pelas longas partidas jogadas. Oitava Rodada ( 17:00h - 04/07 - sex ) Com 4 pontos e a estima mais alta, sabia que não podia perder mais. Enfrentei a paraguaia Dalila Perez. Um partida difícil, defensiva. Não queria perder e no lance 55 ela pediu o empate e aceitei, mesmo com os protestos do meu Técnico, Jefferson Pelikian e da minha mãe. Mas ali a decisão era solitária e eu tinha que tomar! Nona Rodada ( 09:00h - 05/07 - sábado) Estamos chegando ao final de mais um Panamericano. a possibilidade que tinha de ficar entre as dez primeiras era ganhando da boliviana Valeria Arduz Murillo. Nessas alturas estava com 4,5 e entre as 16 primeiras. Sem saída, no lance 54, ela abandonou. Fiquei em décimo primeiro lugar, empatada com 5,5 com as atletas Rita Rosalia, do México, que ficou em sétimo, seguida das peruanas Ana Paula Lopes ( oitava), WMF Aurora Edith ( nona) e Vilma Moreno ( décima). Restou aprender: "De tudo ficam 3 coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto devemos: Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro." Fernando Pessoa